MULHER
MULHER

 

Nós mulheres há décadas estamos lutando pela liberdade e igualdade tão merecidas, e com toda certeza conseguimos muito e o que é importante, também conseguimos um pouco mais de respeito. Mas ainda falta muito para se conquistar. O ser humano precisa se ver como ser humano antes de ver-se como homem e mulher, desde quando a raça humana existe fez-se valer uma idéia contorcida do papel da mulher, o modelo escolhido a ser seguido por todas as gerações é uma Santa, e aí começa a dificuldade, são poucos os espíritos puros que reencarnaram na terra para ajudar e guiar a humanidade, no entanto a humanidade insiste em se convencer que a mulher a partir do momento em que dá a luz, deixa de ser o ser humano que também nasceu para aprender com suas experiências, para desenvolver e crescer espiritualmente. Mas desde os primórdios a idéia incutida na cabeça de todos e que sempre foi fielmente seguida, é que a mulher deve obediência ao pai, ao marido e aos filhos entregando a todos eles a sua vida, sem se preocupar em viver e sim em existir.

Às vezes me pergunto por que não é cobrado do homem, seguir José como modelo? Com este raciocínio não quero dizer que a mulher não deva exercer seu papel de filha, esposa e mãe, o que não deveria acontecer é este misticismo doentio e esta regra imposta sabe-se lá por quem, e que a maioria de nós acatamos por séculos e séculos, sem perguntar por que e sem outro tipo de questionamento, deixando-se fazer um ser infeliz, sem perspectivas e na maioria das vezes sem aproveitar a chance de evoluir interiormente, e quase sempre não deixando que os filhos cresçam.

Estas palavras podem parecer cruéis, mas se você se analisar sem hipocrisia, sem falso moralismo, e sem aquele típico romantismo dramático que é peculiar a quase todos nós, talvez seja mais fácil entender, por que o difícil mesmo é aceitar e começar a agir de acordo. Não é fácil se desintoxicar de tantos falsos valores, e se colocar em um outro ângulo, em outra condição no conceito vida.

Onde está escrito que mãe não erra? Onde está escrito que ela tem que aceitar tudo? Onde está escrito que ela tem que se curvar perante a família, simplesmente pelo fato de ser mãe? Onde está escrito que ela tem que aceitar os erros dos filhos e apoiá-los em tudo, mesmo sabendo que estão errados só por que este é o papel de mãe? Onde está escrito que mãe não pode se irritar, que ela é obrigada a contornar tudo sem questionar? Por outro lado muitas de nós gostam desta situação, é fácil e até muito conveniente posar de vítima, reclamar da situação e ainda por cima dizer que a vida é assim mesmo e nós temos que aceitar, é muito melhor do que tentar sair da comodidade e se permitir ser mais feliz e mais autentica.

A mãe tem que aceitar todas as atrocidades de um filho, afinal ela é mãe não é? E mãe tem que aceitar tudo. Se por um acaso ela reage de forma diferente do convencional, dos padrões impostos pela sociedade, ela é julgada e apedrejada sem direito a defesa. O ser humano tem medo de mudanças e para muitos tudo tem que continuar como sempre foi. É totalmente aceitável que filhos roubem, matem, batam e cometam todo tipo de crimes que para eles fazem sentido, mas, se a mãe não aceita isto e deixa que o filho pague por tudo que fez, ela é cruel, fria e não ama.

E além de tudo isto, a culpa é dela. Se os filhos erram, a culpa é dela! O que torna claro que eles só têm pai quando acertam. Amar não é sinônimo de proteção excessiva, não é passar sempre a mão na cabeça e defender com unhas e dentes a sua cria, isto é apenas mais uma dose de incentivo para que os erros continuem em alta. Que fique claro, não estou defendendo aquelas mulheres que literalmente abandonam, agridem e não querem seus filhos, estas na verdade não deveriam tê-los.

A mulher é considerada o alicerce do lar, mas para que a construção não caia, é preciso que ela seja primeiro o alicerce de si mesma, que a trate com respeito, que não deixe de se lembrar que para fazer com que os seus se sintam mais seguros, felizes e, sobretudo a respeitem, ela precisa se sentir segura, feliz e com toda certeza precisa se respeitar. Nos tempos atuais muitas mulheres se sentem culpadas, pelo fato de saírem para trabalhar e não estar presente o tempo todo na vida do filho, infelizmente na maioria das vezes o que se vê é uma compensação excessiva na forma de liberdade sem limites, de dar tudo que o filho quer sem um controle, vê-se o medo de dizer não.

No meio disto tudo onde fica a mulher ser humano? Debaixo da ditadura da sociedade que se vê no direito de julgar sempre, tudo e todos aqueles que saem da linha que por ela foi traçada. Para julgar, condenar e crucificar existem muitos que já fizeram pós graduação e doutorado nesta profissão, mas poucos são aqueles que estendem a mão sem julgar, que verdadeiramente querem doar uma palavra amiga e de compreensão. É muito fácil dizer em alto e bom som, “eu não faria isto”, “eu não faria aquilo”, “isto não é atitude de uma verdadeira mãe”, jogar pedra é fácil, difícil é estar no lugar de quem as recebe. O que se vê é que depois que a mulher se casa e é mãe sua vida interior e exterior acaba, só existem os filhos e o marido. Mulher: pensar em si não é egoísmo, se você se sentir bem com você mesma isto naturalmente, se refletirá na vida de todos que a cercam. Nenhuma de nós é santa, erramos, acertamos apesar de que tudo isto é relativo, pois o que é certo para um, pode não ser para o outro e o mesmo ocorre com os erros.

Com certeza o que a maioria de nós quer, é que esta linha de raciocínio que paira sobre nós mude, mas para que isto aconteça nós também precisamos mudar, jogar fora as amarras e os grilhões, e aí sim nos conscientizar que além de mulheres e de mães, somos espíritos em evolução, e esta evolução é que nos levará um dia à perfeição e à santidade, que hoje nos foram impostas apenas por obrigação e pelas leis dos homens. O crescimento do espírito depende muito das nossas decisões na vida, durante esta senda as situações não serão fáceis, é uma conquista de um grãozinho de areia de cada vez, mas o importante é começar e nos conscientizar, o heroísmo não vem do sofrimento externo, não vem da submissão a tudo e a todos, ele vem do pé no chão, da consciência pela realidade da vida fora e dentro de casa, do companheirismo e da amizade pelos seus sem extrapolar os limites, e principalmente da coragem de agir com clareza e dentro da lei perante os seus mesmo que seja muito difícil, e mesmo que para muitos suas atitudes pareçam radicais. Por que assim como nós mulheres, nossos filhos e maridos também são seres humanos, também tem que aprender a crescer com suas experiências na vida, sejam elas quais forem o seu apoio, seu carinho e sua compreensão são muito importantes, mas o limite e o deixar que arquem com as conseqüências são extremamente necessários.

 

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